A população de Campinas em 1774, ano de sua fundação, era composta de apenas 475 moradores e as Listas Nominativas apontam 87 escravos, ou seja, 18,3% da população. O desenvolvimento dos engenhos de açúcar e, mais à frente, o cultivo do café, logo transformaram a cidade, que deixou de ser uma sociedade rural de autoconsumo — com elevado índice de livres —, para ser uma região agrícola mercantil, com grande presença de escravizados negros. Em 1829, essa população superou a de brancos livres e chegou a 56,2% do total de 8.545 habitantes no município.
Os navios que atravessavam o Atlântico não traziam apenas negros para o trabalho forçado, mas indivíduos com identidade, cultura e crenças e que, mesmo diante de um tratamento desumano, não sucumbiram aos desmandos dos senhores de engenho e da aristocracia. Apesar de um processo no passado que tentou apagar parte desses fatos, há diversos pontos e expressões culturais em Campinas que hoje exaltam as tradições africanas, ao lado de outros que fazem sua população refletir sobre um período triste da história.
Atualmente, diversas organizações culturais são responsáveis por manter viva a cultura africana em Campinas em manifestações como o jongo, uma dança que é patrimônio imaterial cultural afrobrasileiro e conta com três elementos essenciais: os pontos, a dança e os tambores.
Entre as principais organizações afrobrasileiras estão a Casa de Cultura Fazenda Roseira, a Comunidade Jongo Dito Ribeiro e a Casa de Cultura Tainã.

da Catedral. Foto Márcio Masulino

