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Fotografia, uma criação campineira

Coube a um europeu radicado em Campinas fazer uma enorme contribuição à fotografia. O francês Hercule Florence primeiro percorreu o Brasil em uma expedição de 13 mil quilômetros, entre 1825 e 1829, registrando, em desenhos e mapas, animais, florestas e o povo indígena. Ao se fixar na cidade, sua primeira grande invenção relacionada à impressão foi a poligrafia (ou a autografia). O método foi desenvolvido quando ele encontrou dificuldades para imprimir seu artigo sobre as“vozes dos animais”, a zoofonia. Depois, ao observar a perda da cor que as impressões em tecido sofriam por exposição ao sol, passou a investigar o que viria a chamar de “fotografia”.

Ao obter informações sobre as propriedades químicas do nitrato de prata, começou a realizar testes até que, no dia 15 de janeiro de 1833, fez anotações em seu diário sobre “imprimir pela ação da luz”. De fato, o primeiro registro do que hoje se chama fotografia foi do conterrâneo Joseph Nicéphore Niépce, em 1826. À época, o processo foi chamado de heliografia (gravura com a luz do sol). Foi somente em 1839 que a Academia de Ciências da França anunciou ao mundo a descoberta da daguerreotipia, processo desenvolvido por outro francês, Louís Daguerre, que absorveu o processo de Niépce e se tornou o pai oficial da fotografia.

Posteriormente, Hercule Florence ainda tentou que a invenção fosse atribuída a ele, mas sem sucesso. Foi somente a partir de 1976, após pesquisa do fotógrafo brasileiro Boris Kossoy, que surgiram documentos comprovando o emprego da palavra “photographie” por Hercule Florence, ao menos cinco anos antes de ser usada pela primeira vez na Europa. De todo modo, sua descoberta em solo campineiro tornou-se extremamente importante para o desenvolvimento da fotografia e, desde 2007, Campinas celebra o Festival Hercule Florence, com exposições, workshops e oficinas.

Acervo que mostra a história da cidade

Ainda no século XIX, mas sobretudo a partir do século XX, Campinas passou a ter diversos fotógrafos que, por meio de suas lentes, contam a história do município. Aqui é preciso fazer uma homenagem a Aristides Pedro da Silva, o V8, a principal figura a se dedicar à documentação dos registros. Falecido em 2012, V8 fotografou momentos históricos da cidade que, a partir de 1932, passou a demolir construções mais velhas para abrir espaço a avenidas e vias expressas. Outro momento marcante registrado por suas lentes foi a despedida dos bondes, em 1968. Contudo, ao compor um acervo com obras de outros fotógrafos, V8 contribuiu ainda mais para a história da cidade, catalogando registros a partir de 1880. Sem sua dedicação, uma parte significativa das imagens de Campinas entre o final do século XVIII e meados do século XIX teria se perdido. As mais de 4.500 impressões e negativos hoje integram o acervo do Centro de Memória da Unicamp (CMU).

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