A arquitetura de Campinas é uma mistura fascinante de estilos e influências que refletem não apenas a evolução da cidade ao longo de seus 250 anos, mas também sua diversidade cultural e histórica. A transformação de uma cidade que, entre os anos de 1910 e 1970, saltou de 100 mil para mais de meio milhão de habitantes, também provocou a demolição de muitas das suas primeiras construções, mas ainda hoje é possível encontrar fazendas nas áreas rurais, assim como igrejas, casarões e prédios públicos do fim do século XIX.


Casa-grande e tulha, na antiga chácara Paraíso das Campinas Velhas.
A construção mais antiga que permanece de pé, contudo, é ainda mais antiga, do final do século XVIII, e remete à transição do ciclo de cana-de-açúcar para o café. O conjunto formado pela casa-grande e a tulha foi tombado nos níveis municipal, estadual e federal. Somente ele e o Palácio dos Azulejos possuem, na cidade, o tombamento das três esferas. A localização da casa-grande e da tulha exemplifica bem como a dinâmica da cidade se transformou. A construção, umas das mais conhecidas de Campinas, era sede de uma enorme fazenda, em um local então afastado da cidade.


O “ouro negro”, como era apelidado o café, também trouxe a Campinas as construções neorrenascentistas típicas da Europa, presentes nos casarões dos barões do café, que, no início do século XIX, viam a necessidade de se estabelecer na região central da cidade para facilitar os negócios. Os verdadeiros palacetes, como o Solar do Barão de Ataliba Nogueira, mesclavam elementos de ferro, azulejo e vidro.


O Mercado Municipal de Campinas foi inaugurado em 1908, em estilo neomourisco. O Jockey Club Campineiro, por sua vez, tem características art nouveau e neorrenascentistas. Palco de festas da alta sociedade, foi inaugurado em 1925 e teve o primeiro elevador da cidade, em funcionamento até hoje.


Outro momento de transformação arquitetônica ocorreu a partir de 1951, com o Plano de Melhoramentos Urbanos, de Prestes Maia, que alterou a estética da cidade, com a construção de avenidas largas, novos zoneamentos urbanos e a verticalização das construções. O primeiro prédio exclusivamente residencial de Campinas, o Edifício Itatiaia, inaugurado em 1957, foi projetado por um dos gênios da arquitetura mundial, Oscar Niemeyer. A construção é um exemplo da arquitetura moderna, com quatro dos cinco pontos previstos por Le Corbusier, e os traços que consagraram o arquiteto brasileiro.




Todas as fotos deste post são de Márcio Masculino.